quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Chico, meu caro


Uma relação sui generis sempre foi a minha com Chico.
Na verdade, fui imersa na obra de Chico continuamente, desde "minininha", entretanto, foi na maturidade que deixei de ouvi-lo para, enfim, escutá-lo. E dar-me ao luxo de dialogar com sua obra.
Mas comecemos pelo início de tudo...Os Saltimbancos foi minha primeira peça teatral. Assisti no Canecão e, lembro de Miúcha com seu sorriso brejeiro, no proscênio, cantando, enquanto eu, guria de uns oito anos, era levada pelas mãos geniais de Chico, para as entranhas do teatro. Dez anos depois, lá estava eu começando minha vida nos palcos, sorrateiramente escolhendo meu destino. Menos tempo ainda, lá estava eu, apaixonada por gatos, burros, galos...Sem falar de minha estréia no teatro, interpretando uma gata angorá que, ao fugir de casa, encontra amigos num beco abandonado  (lembra alguma canção? "o meu mundo era o apartamento...)
Quando tinha 16 anos fui estudar música, levei a sério, virei clarinetista, depois oboísta, spalla, coisa que só quem já viveu sabe o que é vestir de preto, de gala, pra apresentar-se na Sala Cecília Meireles...Pois bem, na orquestra, tinha um amigo, Moisés, muito querido, que toda tarde de ensaio, quando eu pisava no palco, ele começava a tocar João e Maria em seu oboé...Novamente Chico...Era delícioso ser recebida como "a princesa" do herói!
Quando fui, num arroubo calculado, prestar a seleção para o bacharelado da UniRio, em Cênicas, surpreendida pelo desafio da prova específica, em ter de cantar uma canção, sapequei Todo sentimento e ali, naquele exato momento, senti que havia ingressado na faculdade! Se a voz foi condizente, não sei, mas a emoção foi legítima!
Já na faculdade, minha melhor amiga, Juliana, uma linda morena do Maranhão, tomada de paixão por aquele que seria seu marido, cantava sem parar Futuros Amantes!
Cedi, aquiesci, sorri e deixei que Chico entrasse de vez em minha vida.
Hoje permito que esta obra me acompanhe, agora intencionalmente, para onde vou, em minha pesquisa, em minhas leituras, neste blog, nos matizes de azul que me levam rumo a Chico.
Porém devo alertar: Chico, meu caro, já estamos "avec' e você nem sequer sabe! Salut!

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